
O "menino" nasceu de um pai "homem" e de uma mãe "mulher", o que é o padrão de normalidade de sociedade, o pai e a mãe eram cantores desde sempre, bem como toda a sociedade em que estavam inseridos, era a normalidade do ser, todos estavam acostumados a cantar, soltavam seus gogós o dia todo, diziam: Vou ao banheirooo, em sol maior, cantar estava entranhado neles, era, do verbo: Não tem como ser diferente, hehe, é assim e ponto, todas as crianças nasciam dotadas de belas vozes, sopranos, contraltos, baixos e tenores, afinadinhos e prontos para o palco, qualquer criança que alí nascesse nunca pensaria em ser médico ou manicure, apenas cantor, mas, algo inesperado aconteceu, o "menino" nasceu sapateador, já nasceu com os pés frenéticos, ou como ele mesmo disse, com os pés felizes... o pai, porém, se assustou, aquilo não era normal, ele se envergonhou e disse: filho pare com isso, pinguins não fazem isso... e o "garoto" foi pra escola, todo mundo cantando e ele "o" diferente, não saia nem uma notinha afinada, estranho né? Sim, porque, ele estava inserido numa sociedade politicamente correta, pai, mãe, e todo o resto era "normal", todos, apenas cantavam, como ele poderia ser diferente se tudo que ele estava acostumado a ver e ouvir era um PADRÃO a ser seguido, ele tinha o amor do pai, da mãe e até de uma "garotinha" que cantava como um rouxinól, mas ele não conseguia ser do jeito deles, ele só sabia sapatear... levaram o pobre pra aula de canto, foi um fiasco... e ele cresceu assim, diferente, isolado, rejeitado, até ser banido pelos seus "iguais"... tentou voltar, banido outra vez... havia uma "voz que clamava na multidão", uma voz que incitava o povo a não aceitá-lo, ele traria maldição a todos que alí estavam, apesar de gostarem dele como ele era, seus amigos tinham que ouvir o "sábio", porque ele tinha experiência de vida, uma experiência impregnada de valores morais que não levava em consideração o amor, apesar dele também ter pai e mãe, nem respeito, apesar de exigí-lo pra si, nem da moralidade dotada de compaixão, porque com sua postura ética/moral, sacrificou um "menino", em favor de seu grupo, por não saber aceitar o diferente... o diferente, o deficiente, o negro, o homossexual, o metaleiro, o motoqueiro, o emo, o torcedor do flamengo, ou do vasco, ou do fluminense, o ex presidiário, o filho de pai e mãe diferente, o filho de pai e pai, de mãe e mãe, o que não se enquadra nos seus padrões, o que não é igual a você, o marcado, o estigmatizado, o diferente, diferente??? Diferente de que??? De quem??? diferente...
Bem, acho que você compreendeu, se não, assista o filme, vale muito a pena, posso dizer-lhe que como toda boa história hollyoodiana tem um final feliz, DIFERENTE do que normalmente acontece na vida real... mas, cinema é cinema...
Bju povo!!!